Somente as trevas instigam, aguçam os sentidos
E os olhos, em meio ao medo, nada podem identificar.
Face horrenda indefinível afronta minha dignidade
zomba da minha inércia e se faz célebre companheira,
ao empurrar-me à solidão como à uma refrescante piscina.
Mas o corpo, em queda livre, não encontra nunca o impacto final
E congela em estado de tensão.
Tudo escoa em questão do derradeiro instante, e encolhe.
Somente o terror dilatado em minhas veias fala agora
Em volume sobrenatural. Faz de mim algo fora dessa realidade,
Que não se encaixa, cuja velocidade da queda faz parecer que foge.
E de tudo, e em tudo, apenas ainda é.
Seria um eterno pesadelo? Seria o eterno momento da dor, da existência?
A circunstância crucial da inaptidão para a vida?
Ou simplesmente inutilidade? Desacordo com os unânimes?
O que seria da linguagem se não fosse a unanimidade?
Até isso forjado, pensamentos...
Não cessa. Então agora eu...
Só mesmo o silêncio, o indizível, o indigesto,
O vômito!
(raquel basilone)