quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não cessa



Somente as trevas instigam, aguçam os sentidos


E os olhos, em meio ao medo, nada podem identificar.


Face horrenda indefinível afronta minha dignidade


zomba da minha inércia e se faz célebre companheira,


ao empurrar-me à solidão como à uma refrescante piscina.


Mas o corpo, em queda livre, não encontra nunca o impacto final


E congela em estado de tensão.


Tudo escoa em questão do derradeiro instante, e encolhe.





Somente o terror dilatado em minhas veias fala agora


Em volume sobrenatural. Faz de mim algo fora dessa realidade,


Que não se encaixa, cuja velocidade da queda faz parecer que foge.


E de tudo, e em tudo, apenas ainda é.





Seria um eterno pesadelo? Seria o eterno momento da dor, da existência?


A circunstância crucial da inaptidão para a vida?


Ou simplesmente inutilidade? Desacordo com os unânimes?


O que seria da linguagem se não fosse a unanimidade?


Até isso forjado, pensamentos... 


Não cessa. Então agora eu...


Só mesmo o silêncio, o indizível, o indigesto,


O vômito!


(raquel basilone)